DIÁRIO da DIAMOND - Magazine - Page 15
SAÚDE E BOA FORMA FÍSICA
FALEMOS DE SAÚDE MENTAL: DEPRESSÃO
Dra. Onesai Chiguvare
MÉDICO
FIRST MUTUAL HEALTH
O que é? Quem é que a apanha? O que é que eu
posso fazer?
O que é a depressão?
A depressão é uma perturbação do humor que
provoca um sentimento persistente de tristeza e de
perda de interesse. De acordo com a classicação
DSM V, a depressão é classicada em vários tipos.
As características comuns de todas as perturbações
depressivas são a tristeza, o vazio ou o humor
irritável, acompanhados de alterações somáticas e
cognitivas que afectam signicativamente a
capacidade de funcionamento do indivíduo.
Devido a falsas percepções, cerca de 60% das
pessoas com depressão não procuram ajuda
médica. Muitos sentem que o estigma de uma
perturbação da saúde mental não é aceitável na
sociedade e pode prejudicar a vida pessoal e
prossional. Existem boas provas de que a maioria
dos antidepressivos actua, mas a resposta individual
ao tratamento pode variar.
O que causa a depressão?
A etiologia da depressão é multifactorial, com
factores genéticos e ambientais a desempenharem
um papel importante. Os familiares em primeiro grau
de indivíduos deprimidos têm cerca de 3 vezes mais
probabilidades de desenvolver depressão do que a
população em geral; no entanto, a depressão pode
ocorrer em pessoas sem história familiar de
depressão.
As doenças neurodegenerativas (especialmente a
doença de Alzheimer e a doença de Parkinson), os
acidentes vasculares cerebrais, a esclerose múltipla,
as per turbações convulsivas, o cancro, a
degenerescência macular e a dor crónica têm sido
associados a taxas mais elevadas de depressão. Os
acontecimentos e os problemas da vida funcionam
como factores desencadeantes do desenvolvimento
da depressão. Acontecimentos traumáticos como a
morte ou a perda de um ente querido, a falta ou a
redução do apoio social, a sobrecarga dos
prestadores de cuidados, problemas nanceiros,
diculdades interpessoais e conitos são exemplos
de factores de stress que podem desencadear a
depressão.
Quem sofre de depressão?
A prevalência de depressão em doze meses é de
aproximadamente 7%, com diferenças acentuadas
consoante o grupo etário. A prevalência em
indivíduos entre os 18 e os 29 anos é três vezes
superior à prevalência em indivíduos com 60 anos ou
mais. As mulheres apresentam taxas 1,5 a 3 vezes
mais elevadas do que os homens a partir do início da
adolescência.
Quais são os sintomas da depressão?
Seguem-se os 9 sintomas enumerados nos critérios
de diagnóstico. Cinco devem estar presentes para
fazer o diagnóstico (um dos sintomas deve ser
humor deprimido ou perda de interesse ou prazer):
Ø
Perturbação do sono
Ø
Redução do interesse/prazer
Ø
Sentimentos de culpa ou pensamentos de
inutilidade
Ø
Alterações de energia/fadiga
Ø
Prejuízo da concentração/atenção
Ø
Alterações do apetite/peso
Ø
Perturbações psicomotoras
Ø
Pensamentos suicidas
Ø
Humor deprimido
Todos os doentes com depressão devem ser
avaliados quanto ao risco de suicídio. Qualquer risco
de suicídio deve ser objecto de atenção imediata, que
pode incluir a hospitalização ou uma monitorização
atenta e frequente.
uma grande fonte de apoio social e podem incentivar
os doentes a alterar comportamentos que perpetuam
a depressão (por exemplo, a inactividade).
O envolvimento do farmacêutico no plano de
tratamento pode melhorar o cumprimento da
medicação e o encaminhamento para psicoterapia. O
farmacêutico pode também vericar se a dosagem é
adequada, se não existem interacções signicativas
e aconselhar sobre os efeitos adversos.
Os doentes com depressão moderada a grave devem
também ser observados por um assistente social ou
por um enfermeiro responsável pela gestão de
casos, para garantir que dispõem de um sistema de
apoio e de meios nanceiros para o tratamento. Em
geral, a depressão é gerida por uma equipa
interprossional dedicada à gestão das perturbações
da saúde mental. A comunicação aberta entre todos
os membros da equipa interprossional é a chave
para reduzir a morbilidade da doença.
A terapia electroconvulsiva é útil para os doentes que
não respondem bem aos medicamentos ou que são
suicidas.
Qual é o prognóstico da depressão?
A depressão major tem uma morbilidade e uma
mortalidade muito elevadas, contribuindo para taxas
elevadas de suicídio. Esta doença tem uma
morbilidade extremamente elevada, incluindo o risco
de suicídio. Apesar de estar disponível um
tratamento medicamentoso ecaz, cerca de 50% dos
doentes podem não responder inicialmente. A
remissão completa não é frequente, mas pelo menos
40% conseguem uma remissão parcial em 12
meses.
No entanto, as recaídas são frequentes e muitos
doentes necessitam de uma variedade de
tratamentos para controlar os sintomas. A qualidade
de vida da maioria dos doentes com depressão é má.
A depressão é responsável por cerca de 40.000
casos de suicídio por ano apenas nos Estados
Unidos. A taxa mais elevada de suicídios regista-se
nos homens idosos.
Os resultados para os doentes com depressão são
moderados. Não há cura e a doença tem recaídas e
remissões frequentes, o que leva a uma má
qualidade de vida.
A educação desempenha um papel importante no
sucesso do tratamento da depressão. Isto inclui a
educação da família e do doente. A falta de
informação correcta e a percepção errónea da
doença como uma fraqueza ou falha pessoal levam a
uma estigmatização dolorosa e a que muitos dos
afectados evitem o diagnóstico. Os doentes devem
conhecer a lógica subjacente à escolha do
tratamento, os potenciais efeitos adversos e os
resultados esperados. O envolvimento dos familiares
pode ser uma componente essencial de um plano de
tratamento. Os familiares são informadores úteis,
podem assegurar o cumprimento da medicação, ser
Referências
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK430
Ø
847/
Ø
https://www.nimh.nih.gov/health/topics/depr
ession
Ø
https://www.psychiatr y.org/patientsfamilies/depression/what-is-depression
Ø
https://books.google.co.zw/books?hl=en&lr
=&id=FsoVCgAAQBAJ&oi=fnd&pg=PA39
0&dq=depression&ots=8V_mlRYzUD&sig
=43m0sYqB6BOjgLkTcZAyM1JG7ZY&redir_
esc=y#v=onepage&q=depression&f=fals
e
Outras áreas de investigação incluem:
História médica passada e história médica familiar, e
medicamentos actuais
História social com ênfase nos factores de stress e
no consumo de drogas e álcool
Como é que a depressão é tratada?
A medicação isolada e a psicoterapia breve (terapia
cognitivo-compor tamental [TCC], terapia
interpessoal) isoladamente podem aliviar os
sintomas depressivos. A terapia combinada também
tem sido associada a taxas signicativamente mais
elevadas de melhoria dos sintomas depressivos;
aumento da qualidade de vida; e melhor adesão ao
tratamento. Existe também apoio empírico para a
capacidade da TCC de prevenir recaídas.
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