Federação Nacional dos Médicos - 25 de Abril - Flipbook - 26
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Internacional
Inglaterra
“Maior greve de internos de sempre!” - Foi assim que foi anunciado o impacto de uma
das últimas greves que tiveram lugar em Inglaterra, lideradas pelos 70 mil médicos
internos do país. Depois de um 2023 intenso, com 28 dias de paragem ao longo do ano, a
3 de janeiro os médicos internos britânicos levaram a cabo uma greve de seis dias, uma
duração e uma adesão sem precedentes. Revoltados com o fracasso das negociações,
onde recusaram o acordo proposto pelo Governo, a British Medical Association (BMA),
declinou uma proposta de aumento salarial de 8,8% e mantém a exigência de 35% para
compensar a perda de poder de compra que se verifica desde 2008. Victoria Atkins,
Ministra da Saúde, apelou “ao regresso à mesa das negociações”, mas os médicos
internos não aceitarão nada menos do que reverter uma situação salarial insustentável,
com muitos a receber apenas 14 libras (16 euros) por hora. Robert Laurenson e Vivek
Trivedi, do Comité de Jovens Médicos do BMA, dizem que “o Governo não se mostrou
capaz de apresentar uma proposta credível em matéria de salários”.
Alemanha
Os médicos alemães tiveram uma das suas greves mais importantes em dezembro
de 2023. O ponto alto foi a paralisação de três dias que obrigou ao encerramento
temporário de milhares de serviços de saúde. “Streik: Praxis geschlossen” (“Greve:
clínica fechada”), podia ler-se um pouco por toda a Alemanha. Dirk Heinrich,
otorrinolaringologista e presidente da associação Virchowbund, uma das que liderou
deste movimento, explicou que “a situação nos consultórios médicos tornou-se
dramática porque a limitação orçamentária significa que muitos consultórios não
podem pagar à equipe de especialistas tanto quanto deveriam. Ao mesmo tempo,
somos forçados a reduzir os tratamentos porque não temos pessoal nem dinheiro
suficiente. Isso leva a longas esperas, e os utentes não conseguem encontrar médicos
com capacidade para atendê-los”. O Ministério da Saúde tem recusado aceder às
reivindicações relativas à atualização salarial, mas aceitou abrir um processo que visa
a desburocratização de todo o sistema de saúde. “Nem pessoal nem dinheiro”, afirmam
as associações que participam da greve, que alegam falta de pessoal e falta da devida
valorização salarial, e defendem que a paralisação tem o objetivo de proteger o bemestar dos pacientes a longo prazo.
Guiné-Bissau
Os profissionais de saúde também estiveram em luta na Guiné-Bissau, em
particular os médicos, que se juntaram a outros setores numa plataforma
designada por “Frente Social”. Entre vários protestos que já tiveram lugar, destacase a greve de 3 dias, já em abril de 2024, com cerca de 80% de adesão nos setores
da educação e da saúde. A Frente Social exigia que os profissionais de Saúde, os
professores e os técnicos de Educação fossem reintegrados. Exigia igualmente
que fosse cumprida a lei do concurso nas nomeações do pessoal dirigente. Em
função das formas de luta levadas a cabo foi aberto um processo negocial urgente,
que produziu resultados, com o objetivo de se encontrarem soluções capazes
de produzir as mudanças necessárias para que os médicos, também na GuinéBissau, possam ver as suas condições de trabalho melhoradas.
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