Golf Pro Tour Magazine - Edição 02 - Dezembro 2020 - Flipbook - Page 164
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swing
É poeta.
Autor de "Golfe. Um diário de treino",
ed. Movimento, 2018.
O verbete diz que o swing é a ação através da qual o jogador
bate na bola com o taco de golfe. Acrescenta que o
movimento é complexo, mecânico e que envolve o corpo
inteiro. Sim, tudo bem, é mecânico. Mas só até ali.
Sempre que penso na técnica do swing me vem a frase que
Wild Bill Mehlhorn (1898-1989) dizia aos seus discípulos:
(a arte do golfe é
aprender a não fazer nada). E para ilustrá-la pedia ao aluno
que trocasse o taco pela foice e cortasse um tufo de rough
ao lado da zona de treino. Ao movimento natural da
gadanha, que obriga acelerar antes do contato para ceifar o
pasto, Wild Bill perguntava em que o golsta tinha pensado
para fazer aquele arco.
- Ora, em... nada.
Zen, o velho Wild, não é mesmo?
Apesar do pragmatismo deste campeão americano dos
anos 20, a realidade é que é ilimitado, innito, o que cabe no
segundo e meio de um swing de golfe. Desde uma
perspectiva externa e resumida, um swing contém a rotina
para a tacada, o amague, a parada na bola, a tirada e a subida
do taco, o topo, a volta do taco, o impacto, a descarga da
potência e o nal do arco. A isto some-se o plano do swing, o
tempo e o ritmo do pêndulo. Já desde a perspectiva interna,
o controle emocional, o foco, a zona, o planejamento de jogo
também inuenciam diretamente na execução do
movimento e fazem parte dele. Como o espírito faz parte do
corpo.
Todo jogador que passa horas no driving-range acaba por
ter os seus próprios pensamentos sobre o swing de golfe.
Seguem algumas notas retiradas ao acaso de um diário de
treino escrito no Campestre de Livramento, fronteira com
Uruguai.