Journal Potuguese Release - February 2024 - Flipbook - Page 15
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(Grandesso, 2011). Definida como uma prática pós-estruturalista, no Brasil, a
terapia narrativa contribuiu para o desenvolvimento de relações terapêuticas
valorizando o conhecimento local, respeitando os valores culturais e sensível a
todas as formas de opressão. Para além dos diagnósticos e de uma visão
psicopatologizante da vida, uma pudemos incorporar uma dimensão política para
a terapia e expandi-la para além das paredes dos consultórios. Abandonando a
ética do controle e abraçando a ética da colaboração, White (2007) manteve
sempre numa postura de parceria respeitosa, descentrada, porém influente. E
assim, seguimos nós.
Apredendo com Nossos Mestres e uns com os Outros
Apresento a seguir algumas das presenças marcantes no território brasileiro com
quem pudemos aprender e criar possibilidades para nossas práticas narrativas. De
antemão, esclareço que se trata de um recorte pessoal e, portanto, parcial. Está
longe de estar completo. Meu critério foram as ressonâncias com minha própria
experiência e a abertura para novas possibilidades, no contexto da terapia
narrativa, conforme o pedido que me foi feito por Tom Carlson.
No ano de 2005, o Núcleo de Família da Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo (NUFAC) trouxe para São Paulo Jill Freedman para um workshop de Práticas
Narrativas na Terapia Familiar. Dentre outras coisas, Jill nos introduziu na arte de
fazer perguntas para desenvolver histórias mais ricas a partir de “momentos
brilhantes”. Com ela praticamos uma forma de escuta de relatos da vida cotidiana
que nos ajudava a transformar nossas respostas em poesia. Neste mesmo ano,
Silvia Rechulski e Ada Pelegrini Lemos, nos presentearam com o primeiro
workshop de Michael White em território brasileiro, também em São Paulo. Na
ocasião pudemos testemunhar uma consultoria que Michael fez com uma família
brasileira. Acompanhamos uma relação terapêutica que respeitou os nossos
valores culturais e a forma artesanal com que ele, através de suas perguntas
nascidas da escuta atenta para traços nas histórias, foi abrindo possibilidades para
que a família adentrasse territórios da vida não historiados. Michael nos permitiu
acompanhar uma dança criativa entre seu posicionamento descentrado, porém
influente e uma família renascendo para novas formas de vida. Pela primeira vez,
pudemos participar como testemunhas externas. Como um parceiro
genuinamente interessado e criativo, Michael contribuiu para que a família
Editors’ Note
Journal of Contemporary Narrative Therapy, February 2024 Release
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