Journal Potuguese Release - February 2024 - Flipbook - Page 16
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revisitasse suas experiências construísse novas e mais ricas histórias, abrindo as
portas para novas possibilidades existenciais. Sem dúvida esse workshop foi um
divisor de águas. Logo mais, em 2006, Michael esteve em Salvador (Bahia) e Porto
Alegre (Rio Grande do Sul), uma grande contribuição para nós brasileiros, graças a
Maria Angela Teixeira em Salvador e Consuelo Brun em Porto Alegre.
Ao voltar de Porto Alegre, iniciei em, 2006, em São Paulo, pelo INTERFACI,
instituto que coordeno, um Grupo de Estudos Abertos e Contínuos sobre terapia
narrativa. Organizado como uma comunidade de aprendizagem colaborativa,
ainda hoje, 17 anos depois, aprendemos uns com os outros, seguindo nossos
interesses de aprendizagem e aprofundamento e promovendo workshops de
aprofundamento. Acima de tudo, nosso grupo é um incentivo para a criatividade.
Uma das autoras presentes nesta Revista, Adriana Bellodi César, é uma das
participantes do grupo.
Um outro acontecimento relevante para o desenvolvimento da Terapia Narrativa
no Brasil, foi a presença de David Epston em 2007. Em dois workshops, um
organizado em Salvador (Bahia), por Maria Ângela Teixeira e outro em Campinas,
uma cidade próxima de São Paulo (SP), sob a responsabilidade do Instituto de
Terapia de Família e Comunidade, ITFCCAMP. Um diferencial desses dois
workshops foi a forma como David nos guiou “por dentro da entrevista”, numa
prática narrativa criativa e inspiradora. A criatividade de David em sua escuta
dialógica. despertou nossa curiosidade para possibilidades de perguntas que
convidam a “magia”, as perguntas duende, conforme ele as denominou num dos
workshops que pudemos assistir. David compartilhou um vídeo de um
atendimento de um garoto de 14 anos Sebastian, do qual sua família e escola se
tinham se demitido. Eu já havia assistido e me encantado com esse vídeo em
Oslo, no ano de 2000. Histórias de agressões, cenas de violência, inúmeros
episódios de condutas incompatíveis com uma vida em sociedade, tinham levado
esse garoto para o internato numa instituição de saúde mental. Deixando de lado
as histórias de problemas, David fez para o garoto, uma de suas “perguntas
duende”: “o que você acha que seu terapeuta me respondeu quando eu perguntei
a ele, ‘o que você mais respeita em Sebastian?’ O que você acha que ele me
disse?”. Depois de muito pensar, o garoto conseguiu dizer algo de inédito,
especialmente para alguém com as histórias que eram construídas sobre ele .
Editors’ Note
Journal of Contemporary Narrative Therapy, February 2024 Release
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